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SÉRIE RELATOS | Quatro anos com hérnia de disco

“Uma dor tão insuportável que mesmo eu, que me considero bem resistente, fiquei acamado por algumas vezes e não conseguia sair da posição fetal”, relata o artista plástico e produtor cultural Bruno Corrente, de 36 anos, sobre sua experiência de dor nas costas.

2015 ficou conhecido no Brasil por sua maior tragédia ambiental, com o rompimento da barragem da mineradora Samarco. Para Bruno, no entanto, este ano teve um significado ainda maior, pois foi quando sentiu, pela primeira vez, o sintoma daquilo que alguns anos à frente o levaria a uma cirurgia na coluna: hérnia de disco.

Em 2016 veio a primeira crise significativa: “travei de um jeito fenomenal, não conseguia me mexer e levantar, foram duas semanas de cama”. Na consulta com um ortopedista, descobriu uma hérnia de disco extrusa e volumosa nas vértebras L4/L5, região da sua coluna lombar.

Nos anos seguintes, enquanto o mundo acompanhava o surto do Zika vírus, o presidente dos Estados Unidos em visita à Cuba após 88 anos, a saída do Reino Unido da União Europeia, o casamento do príncipe Harry e Meghan Markle e diversos terremotos e queimadas ao longo do globo, Bruno lidava com sua hérnia de disco de forma conservadora, na expectativa de uma regressão. “Tive mais duas crises em 2018, mas segui em frente com medicamentos fortes, fisioterapia, controle de peso e acompanhamento médico. Aprendi a conviver com a dor que restou”.

Em 2019, no entanto, as crises ficaram mais severas e Bruno viu sua vida mudar drasticamente. “Fui recomendado para a cirurgia, pois o disco intervertebral estava preto e funções neurológicas começaram a ser comprometidas, causando dormência no pé esquerdo e coxa direita, além de uma queimação absurda”, comenta.

Ao longo do tempo, a hérnia do Bruno só evoluiu e os sintomas ficaram mais dolorosos e mais frequentes. Seu trabalho e convívio social foram prejudicados e ele, que também era músico, deixou de tocar. “Minha guitarra pesava 5 quilos, eu era uma pessoa bem ativa e de repente tudo foi dilacerado. Parei de tocar, deixei de ir em shows com ingresso comprado, não conseguia ficar em pé, não conseguia dormir, ficava 48 horas acordado de dor e tomando fortes medicamentos…”

Enquanto enfrentava sua realidade, Bruno pensava em quando ela acabaria. Uma das últimas músicas da sua banda de Hard Core, “De Volta ao Kaos”, que leva em conta o PMA (Positive Mental Atitude) representa o pensamento que lhe acompanhava na época: “Saiba que mesmo se o inverno chegar não vão parar meus sonhos, o limite da vida não são suas derrotas, levante do chão”.

Foi então que, na busca por um cirurgião e procedimentos mais adequados para a sua coluna, Bruno marcou uma consulta com o Dr. Marcelo Amato. “Ele foi super honesto comigo, indicou a microdiscectomia endoscópica e avisou que, devido ao dano avançado, a taxa de recuperação para o meu caso seria de aproximadamente 70%”. Por meio deste procedimento, parte do disco e dos fragmentos herniados são retirados, a fim de descomprimir a estrutura nervosa e minimizar os sintomas dolorosos.

A cirurgia foi um pouco mais delicada, pois o disco intervertebral estava bem comprometido, então a equipe foi cautelosa. “Em casa, no dia seguinte e já sem os efeitos de medicamentos, percebi que a dormência tinha passado e não soube bem dizer se ainda tinha dor, pois estava acostumado com ela por muitos anos e estranhei o que sentia. No geral não sinto dor, mas eventualmente a coxa direita ainda dá uma adormecida”, observa Bruno.

Em casos como este, com a hérnia em evolução por tantos anos e compressão de nervos, a lesão pode demorar um pouco mais para ser curada. Alguns meses após a cirurgia, Bruno realizou um novo exame de imagem, onde foi constatada a melhora do disco, visivelmente mais claro e hidratado.

A evolução também é reforçada pela Escala de Oswestry — ferramenta que mede a capacidade funcional ou qualidade de vida dos pacientes acometidos por problemas da coluna. Inicialmente, a pontuação estava em 22% e indicava incapacidade moderada. Com o passar do tempo do pós-operatório a pontuação caiu para 6%, o que indica capacidade normal e mostra o excelente resultado da cirurgia.

“Não me arrependo de nada, tive muita sorte de conseguir operar em outubro de 2019 e de lá para cá venho tentando me cuidar em meio à pandemia. Tenho um estilo de vida positivo, faço atividades em casa e entendo que cada um deve dar o melhor de si para controlar a própria vida”, encerra.

Créditos das imagens:

As imagens desta publicação foram gentilmente cedidas pelo Bruno.

A primeira, “Memento Vivere e Memento Mori”, mostra imagens de ressonância com seu disco intervertebral em dois momentos opostos, assim como representa o impacto causado em sua vida.

A segunda é um autorretrato do artista.

*Bruno Corrente Andriani tem 36 anos, é artista plástico e produtor cultural, mora em São Paulo e concordou livremente em compartilhar sua experiência.

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“Relatos” é uma série de entrevistas onde pacientes compartilham sua experiência com patologias da coluna, desde a descoberta até a solução. O objetivo é criar uma rede de apoio humanizada e informativa para auxiliar quem se identifica e se encontra nas mesmas condições, para que possam ter esperança e buscar ajuda especializada.

Dr. Marcelo Amato - CRM: 116.579
Dr. Marcelo Amato - CRM: 116.579
Médico e Neurocirurgião pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP); Doutor em Neurocirurgia (Clínica Cirúrgica) pela Universidade de São Paulo (FMRP-USP), orientado pelo Prof. Dr. Benedicto Oscar Colli; Especialista em Neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) e pela Associação Médica Brasileira (AMB); Especialista em Cirurgia de Coluna pela Sociedade Brasileira de Coluna (SBC) e Associação Médica Brasileira (AMB); Linha de Pesquisa em Cirurgia Endoscópica da Coluna desde 2013 pela FMRP-USP com diversos artigos e livros publicados nacional e internacionalmente; elaboração de aulas e cursos nacionais e internacionais sobre Endoscopia de Coluna, e realização de consultorias em todo território nacional ; Neurocirurgião referência do Hospital de Força Aérea de São Paulo (HFASP); Diretor do Amato - Hospital Dia;

2 Comments

  1. joão batsta disse:

    bom dia gostei muito dos videos e do material aqui . tenho uma ernia de disco lombar . estou com forte dores na perna esquerda , meu medico que realizar um cirurgia mas ainda não me falou a técnica que ser usada , vi uma apresentação do doutor sobre ae endoscopia mas gostaria de saber como e a outra técnica se e mais complicada ou não .

    • Olá João, obrigado pelo comentário! Quando existe dor na perna secundária à hérnia de disco lombar, é porque a raiz nervosa está comprimida na coluna. A endoscopia é altamente eficaz para descompressão das estruturas nervosas, porque é a melhor forma de magnificação do problema. Ou seja, levamos uma câmera até onde está a doença para realizar o tratamento. Existem outras formas de magnificação, com lupa ou microscópio por exemplo, no entanto essas outras formas exigem que a cirurgia seja feita de forma aberta, ou seja através de cortes maiores. Infelizmente não tenho como comparar técnicas sem conhecer melhor qual é o problema e qual a técnica que está sendo proposta. Não deixe de tirar todas as dúvidas com o seu médico antes de realizar o procedimento. Espero ter ajudado e torço para sua total recuperação!

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