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Cisticercose é a infecção causada pela forma cística da tênia do porco, Taenia solium, e a neurocisticercose é quando ocorre o acometimento do sistema nervoso central (SNC).

Como se adquire a neurocisticercose?

 O homem pode adoecer de duas formas:
1 – Ao ingerir carne de porco contendo o cisticerco (Cysticercus cellulosae), que são “caroços” observados na carne, esta é a forma larvária da T. solium. Desta forma, o homem adquire a teníase e a larva passa a viver no seu intestino.
2- Ao ingerir acidentalmente os ovos da larva que são liberados junto com as fezes do homem infectado, podendo levar a outra forma da doença que é a cisticercose. Desta forma, os “caroços” antes vistos na carne do porco, podem se alojar, agora, nos tecidos humanos, como os músculos e tecido nervoso.

Cistos ativos no cérebro

Para se adquirir a cisticercose é necessário que os ovos da tênia atinjam o estomago do homem, o que pode acontecer de duas maneiras:
1 – A auto-infecção, quando os ovos de um indivíduo infectado são transferidos da região perianal para a boca, ou quando os ovos são regurgitados do intestino para o estômago;
2 – A heteroinfecção, ingestão dos ovos por intermédio de água ou alimentos contaminados. Esta é a maneira mais importante de aquisição da doença.

As formas de transmissão desta doença explicam a associação de sua alta incidência com as más condições de saneamento básico. No Brasil, é particularmente encontrada nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Paraná. Esse fato pode também ser explicado pelos maiores recursos destas regiões para se fazer exames e, portanto, o diagnóstico.

A cisticercose é a parasitose mais frequente do SNC sendo responsável por muitas internações hospitalares e sequelas neurológicas graves. Ao mesmo tempo, é muito comum a identificação de cisticercos mortos, em exames de imagem realizados de rotina, e que não apresentam mais risco.

Cistos Calcificados (mortos)

Quais são os sintomas da neurocisticercose?

Os sintomas dependem da localização, do número e do estágio de desenvolvimento dos cistos. O período de incubação dura de quatro a cinco anos, ou seja, os sintomas podem aparecer anos depois da ingestão dos ovos da tênia. Os sintomas, geralmente, surgem quando os cistos começam a envelhecer e provocam uma resposta inflamatória do hospedeiro. Os pacientes podem apresentar convulsões, danos neurológicos (paralisias ou dormências em um segmento do corpo), sinais de aumento de pressão intracraniana (dor de cabeça, vômitos e torpor), alteração do comportamento, meningite (febre, dor de cabeça e rigidez do pescoço), entre outros sintomas.

Como se faz o diagnóstico da neurocisticercose?

 O médico deve suspeitar da neurocisticercose quando estiver frente a qualquer distúrbio neurológico, cognitivo ou de personalidade em pessoa proveniente de área em que a doença é freqüente. A teníase, ou seja, infestação intestinal pela tênia pode auxiliar no diagnóstico, mas nem sempre está presente junto com a cisticercose.

Após o exame neurológico, o especialista pode determinar a provável localização do problema e, a partir daí, escolher o melhor exame de imagem pra confirmação do local e planejamento terapêutico: Tomografia Computadorizada e Ressonância Nuclear Magnética (RNM). Algumas vezes, a RNM pode determinar o diagnóstico se a imagem do cisto for bem característica. O exame de líquor, realizado através de punção lombar também pode fazer esse diagnóstico. Uma última alternativa, caso os outros exames não tenham sido suficientes, é a biópsia da lesão. Muitas vezes, o diagnóstico de certeza não é necessário, pois se a suspeita for forte e a evolução clínica compatível, o tratamento já deve ser instituído.

Qual o tratamento da neurocisticercose?

O melhor tratamento, como todos sabem, é a prevenção. A infecção por vermes adultos pode ser evitada pelo cozimento completo da carne suína. E a prevenção da cisticercose pode ser feita através de hábitos corretos de higiene pessoal e alimentação. Em regiões onde a frequência dessa doença é alta, o controle pode ser difícil apesar dos cuidados individuais, e nestes casos, os órgãos públicos devem procurar nos sítios, fazendas e criadouros, porcos que estejam doentes para que o tratamento seja feito direto na fonte do problema.

Uma pessoa infectada por T. solium deve ser tratada imediata e cuidadosamente para eliminar os vermes adultos, devendo, juntamente com seus contatos próximos, ser examinada pelo especialista para descartar a possibilidade de infecção concomitante por cisticercose. O tratamento da infecção intestinal é semelhante ao de outras verminoses e realizado através de medicamentos por via oral.

O tratamento da cisticercose tem como objetivo a redução da resposta inflamatória. Portanto, nem todos os pacientes devem ser tratados, pois os cistos podem já estar mortos ou a resposta inflamatória ao uso do medicamento pode ser pior que a doença. O tratamento pode ser, penas a observação, uso de drogas anti-parasitárias e anti-inflamatórios hormonais e, eventualmente, a cirurgia.

As formas da doença que geralmente precisam de tratamento cirúrgico são aquelas que evoluem com aumento da pressão intracraniana: dor de cabeça forte, vômitos e alteração do nível de consciência. Esses sintomas podem aparecer, pois o cisto pode se comportar como um tumor e causar uma inflamação muito grande e consequentemente inchaço cerebral ou pode obstruir a circulação do liquido céfalo-raquidiano (liquor).

A cirurgia pode ser realizada para retirar o cisto que está causando problema, para descomprimir o cérebro que está sofrendo com o inchaço ou para desobstruir a circulação de liquor através de neuroendoscopia ou derivação liquórica, cirurgia também conhecida como válvula, derivação ventrículo-peritoneal, shunt ou derivação ventricular.

A neurocisticercose que acomete a coluna ou medula espinhal, também tem indicação de cirurgia se estiver comprimindo os nervos ou medula.

Cisto gigante – tratamento cirúrgico

Como é a evolução da doença?

Os cistos que se encontram dentro do cérebro apresentam melhor evolução, sejam eles de tamanho habitual necessitando de medicação parasiticida, sejam eles gigantes através do tratamento cirúrgico. As formas da doença que causam obstrução da circulação de liquor, especialmente se acompanhadas de inflamação importante e da necessidade de implantação de derivações, apresentam uma evolução mais complicada, com internações frequentes e deterioração neurológica.

De uma forma geral, quanto menor a inflamação, melhor o prognóstico e portanto, quanto mais rápido for instituído o tratamento, melhor será seu resultado.

Dr. Marcelo Amato - CRM: 116.579
Dr. Marcelo Amato - CRM: 116.579
Médico e Neurocirurgião pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP); Doutor em Neurocirurgia (Clínica Cirúrgica) pela Universidade de São Paulo (FMRP-USP), orientado pelo Prof. Dr. Benedicto Oscar Colli; Especialista em Neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) e pela Associação Médica Brasileira (AMB); Especialista em Cirurgia de Coluna pela Sociedade Brasileira de Coluna (SBC) e Associação Médica Brasileira (AMB); Linha de Pesquisa em Cirurgia Endoscópica da Coluna desde 2013 pela FMRP-USP com diversos artigos e livros publicados nacional e internacionalmente; elaboração de aulas e cursos nacionais e internacionais sobre Endoscopia de Coluna, e realização de consultorias em todo território nacional ; Neurocirurgião referência do Hospital de Força Aérea de São Paulo (HFASP); Diretor do Amato - Hospital Dia;

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Neurocisticercose
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