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Cirurgia de Hipófise

O que é hipófise?

É uma glândula, também chamada de pituitária, localizada bem no centro do crânio em um compartimento ósseo, chamado de sela túrcica ou sela turca. A hipófise tem a função de regular, por meio da produção de hormônios específicos, o funcionamento de diversas glândulas do corpo.

O que são adenomas hipofisários ?

Os adenomas hipofisários são os tumores mais comuns desta região. São lesões benignas da glândula hipófise que podem provocar sintomas neurológicos e hormonais.

Dor de cabeça, perda de visão e alteração da mobilidade ocular são os sintomas neurológicos mais comuns e são decorrentes de compressão ou invasão de estruturas próximas à hipófise, tais como os nervos óptico, oculomotor e abducente.

Os sintomas endócrinos são provocados por deficiência ou excesso de produção dos hormônios hipofisários. A deficiência de hormônios hipofisários é conhecida como hipopituitarismo. Se o tumor produz algum hormônio, é conhecido como adenoma secretor e, nestes casos, provocam sintomas clínicos bastante característicos. No caso dos Prolactinomas, que secretam prolactina, pode ocorrer infertilidade, alterações da menstruação ou da libido, produção inapropriada de leite pelas mamas.

Na Acromegalia, os tumores produzem o hormônio de crescimento-GH de forma inapropriada e os sintomas podem ser: gigantismo, aumento dos dedos dos pés e das mãos, crescimento das orelhas, nariz e queixo, hipertrofia muscular, alteração da voz, etc. A Doença de Cushing, causada pela produção inapropriada de hormônio adrenocorticotrófico – ACTH, pode levar a obesidade, hipertensão arterial e diabetes de difícil tratamento clínico, etc.

Um número significativo de adenomas hipofisários não secreta qualquer hormônio, provocando somente alterações neurológicas e deficiências hormonais. No entanto, a prolactina pode aumentar nestes casos de tumores não-secretores, causando sintomas semelhantes ao dos Prolactinomas.

Como o adenoma de hipófise se desenvolve? Meus filhos podem ter?

Os adenomas hipofisários não possuem causa bem definida, sendo provavelmente provocados por mutações isoladas de células hipofisárias normais, ou seja uma célula que deu defeito. Apenas 3 a 5 % dos casos apresentam distribuição familiar, podendo ser transmitido hereditariamente.

O meu exame mostrou um micro-adenoma da hipófise, eu tenho que operar?

Os micro-adenomas hipofisários são lesões menores de 10mm. É muito comum, hoje em dia, a detecção de micro-adenomas de hipófise de maneira incidental, ou seja, o paciente realiza a Ressonância Magnética por algum sintoma neurológico inespecífico como cefaleia, tontura ou perda de memória e acaba descobrindo um tumor na hipófise, são os chamados “incidentalomas”. Se a lesão for menor de 10mm e não houver qualquer sintoma ou alteração hormonal, não deve ser tratada, o paciente deve apenas realizar um seguimento clínico, laboratorial e radiológico. Se o micro-adenoma hipofisário estiver causando sintomas, deve ser tratado. O tratamento clínico pode ser feito com medicamentos, como a Cabergolina ou Bromocirptina para os Prolactinomas. O tratamento cirúrgico para os micro-adenomas é menos frequente, mas pode ser necessário se não houver resposta ao tratamento clínico e também em casos de doença de Cushing e Acromegalia.

Como é a cirurgia pelo nariz? Quando é preciso fazer?

O acesso endonasal transesfenoidal com auxílio do microscópio ou endoscópio é a cirurgia mais moderna para este tipo de doença e é realizada pelo neurocirurgião em conjunto com o otorrinolaringologista. A incisão, ou corte, é feito dentro do nariz, ou seja, não fica aparente. Através deste acesso minimamente invasivo, retira-se uma pequena quantidade  de mucosa e osso para acessar a sela túrcica e, consequentemente, a hipófise. A cirurgia é realizada com anestesia geral e dura cerca de 2 a 3 horas. A recuperação da cirurgia é muito rápida, cerca de 48h. No entanto, o paciente precisa, algumas vezes, ficar internado no hospital por alguns dias para checar o funcionamento dos hormônios hipofisários no pós-operatório.

A cirurgia deve ser realizada nos casos de apoplexia hipofisária, ou seja, quando há sangramento do tumor, e quando há déficit neurológico, geralmente presente nos tumores volumosos. Quando não se consegue o tratamento clínicos dos tumores hipofisários, a cirurgia também pode ser indicada pelo neurocirurgião.

A cirurgia através do crânio pode ser necessária em alguns casos, mas é mais frequente quando o tumor não é um adenoma, e sim um meningioma, craniofaringeoma, metástase, ou outro.

Referência

Amato, MCMA – Manual do Médico Generalista. Na Era do Conhecimnto – Roca 2014

Dr. Marcelo Amato - CRM: 116.579
Dr. Marcelo Amato - CRM: 116.579
Médico e Neurocirurgião pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP); Doutor em Neurocirurgia (Clínica Cirúrgica) pela Universidade de São Paulo (FMRP-USP), orientado pelo Prof. Dr. Benedicto Oscar Colli; Especialista em Neurocirurgia pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) e pela Associação Médica Brasileira (AMB); Especialista em Cirurgia de Coluna pela Sociedade Brasileira de Coluna (SBC) e Associação Médica Brasileira (AMB); Linha de Pesquisa em Cirurgia Endoscópica da Coluna desde 2013 pela FMRP-USP com diversos artigos e livros publicados nacional e internacionalmente; elaboração de aulas e cursos nacionais e internacionais sobre Endoscopia de Coluna, e realização de consultorias em todo território nacional ; Neurocirurgião referência do Hospital de Força Aérea de São Paulo (HFASP); Diretor do Amato - Hospital Dia;

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